segunda-feira, 10 de agosto de 2009


Antes de nos pormos a caminho para receber o Pão da Vida, Jesus recorda-nos que,
antes de mais, somos convidados, que é Deus que dá o primeiro passo: “Felizes os
convidados para a ceia do Senhor!” De seguida, pede-nos que façamos um acto de fé:
“Dizei uma palavra e serei salvo!” Crer n’Aquele que Deus enviou… Crer, isto é, ter
confiança nas suas palavras e nos seus gestos. Aquele que tem confiança sabe que
não ficará decepcionado. O que Cristo quer é que vivamos plenamente, enquanto
vamos ao seu encontro: a sua palavra é alimento, a sua carne (a sua pessoa) é
alimento, com Ele ficamos saciados. Ele vem até nós para que vivamos d’Ele e, por
Ele, a nossa vida ganhe sentido, os nossos gestos possam dar a vida, as nossas
palavras possam exprimir a ternura, a nossa oração se torne relação filial com o Pai.

Os judeus recriminavam Jesus: “Esse homem não é Jesus, filho de José?
Conhecemos bem seu pai e sua mãe. Como pode dizer «Eu desci do céu»?” Os
adversários de Jesus discutiam a sua origem e a sua pretensão exorbitante. Devemos
reconhecer que a dificuldade dos compatriotas não era pequena. Jesus não tinha nada
de extraterrestre. Se estivéssemos lá, talvez tivéssemos a mesma atitude… Ora, para
descobrir o mistério profundo de Jesus, é preciso ir para além das aparências. Para
conhecer Jesus, é preciso acolher a luz que vem da Palavra de Deus, ter o olhar da fé.
A fé é uma “luz obscura”, pede um salto numa “confiança nocturna”, na noite. Isso
verifica-se já nas nossas relações humanas de amor e de amizade. A fé-confiança não
é uma evidência “científica” que leva a uma adesão imediata da inteligência. A fé só se
pode aceitar e viver numa relação de amor, de amizade. Para além das aparências…
Só podemos aceitar a Palavra de Jesus se nos abrirmos a Deus. Jesus pede aos seus
discípulos para terem confiança: “Crede em Deus, crede também em Mim”. A fé é uma
graça, um dom gratuito. Mas é também um combate, segundo São Paulo: “Combati
até ao fim o bom combate… guardei a fé”. Em definitivo, somos reenviados a uma
escolha que, certamente, não suprime as exigências da nossa razão, mas ultrapassaas,
porque aceitamos entrar numa relação de amor e de amizade com Jesus, “o filho
de José”, que reconhecemos também como “o Filho de Deus”.

meditando para o XIX Domingo do tempo comumwww.dehonianos.org




quarta-feira, 5 de agosto de 2009

No Evangelho deste domingo, Jesus mostra-Se profundamente incomodado
quando constata que a multidão o procura pelas razões erradas e, sem
preâmbulos, apressa-Se em desfazer os equívocos. Ele não quer, de forma
nenhuma, que as pessoas O sigam por engano, ou iludidas. Há, aqui, um convite
implícito a repensarmos as razões porque nos envolvemos com Cristo… É um
equívoco procurar o Baptismo porque é uma tradição da nossa cultura; é um
equívoco celebrar o matrimónio na Igreja porque, assim, a cerimónia é mais
espectacular e proporciona fotografias mais bonitas; é um equívoco assumir
tarefas na comunidade cristã para nos auto-promovermos ou para resolvermos os
nossos problemas materiais; é um equívoco receber o sacramento da Ordem
porque o sacerdócio nos proporciona uma vida cómoda e tranquila; é um equívoco
praticarmos certos actos de piedade para que Jesus nos recompense, nos livre de
desgraças, nos pague resolvendo algumas das nossas necessidades materiais…
A nossa adesão a Jesus deve partir de uma profunda convicção de que só Ele é o
“pão” que nos dá vida.
¨ A recusa de Jesus em realizar gestos espectaculares (como fazer o maná cair do
céu), mostra que, normalmente, Deus não vem ao encontro do homem para lhe
oferecer a sua vida em gestos portentosos, que deixam toda a gente espantada e
que testemunham, de forma inequívoca, a sua presença no mundo; mas Deus
actua na vida do homem de forma discreta, embora duradoura e permanente.
Deus vem, todos os dias, ao encontro do homem e, sem forçar nem se impor,
convida-o a escutar a Palavra de Jesus, propõe-lhe a adesão a Jesus e ao seu
projecto, ensina-lhe os caminhos do amor, da partilha, do serviço. Convém que
nos familiarizemos com os métodos de Deus, para o conseguirmos perceber e
encontrar, no caminho da nossa vida.



Meditando para o XVIII Domingo do tempo comum in www.dehonianos.pt