quarta-feira, 9 de setembro de 2009


A linguagem humana é essencial na comunicação. Possui uma variada gama de sons, timbres, tonalidades, pausas e acentos. Normalmente é acompanhada por gestos expressivos. Por vezes nem são necessárias palavras: é suficiente um olhar, um abraço, um simples gesto. Porem, geralmente, as palavras são essenciais. A palavra revela aquele que a pronuncia, é laço de comunicação humana, unifica ou desintegra.
O ouvir e o falar são necessidades vitais do homem. Na primeira leitura deste Domingo, o profeta e o poeta Isaías usa a palavra feita profecia para nos apresentar a prova de que Deus está perto do homem: "Os olhos do cego abriram-se, os ouvidos do surdo abriram-se, o coxo saltará como o cabrito, a língua do mudo cantará". Aquele que É faz milagres. Precisamente no Evangelho narra-se um milagre simples de Jesus: faz ouvir e falar um surdo-mudo. Este gesto de Jesus não tem nada a ver com magia, mas, como todos os milagres, está ao serviço da fé: Jesus abre primeiro o coração daquele homem, para que depois possa ouvir a mensagem e falar das maravilhas de Deus. O primeiro milagre e oculto é abrir o coração.
Todos sabemos que "não há pior surdo do que aquele que não quer ouvir". Na nossa sociedade e nas nossas comunidades cristãs necessita-se também do milagre colectivo de que Deus "abra os ouvidos e solte as línguas".
O testemunho cristão é hoje mais necessário do que nunca. Cada um de nós terá que abrir os seus ouvidos à mensagem de Deus e, sobretudo, soltar, a nossa língua com valentia para falar de Deus abertamente. Há entre os cristãos, especialmente naqueles que são pessoas públicas, políticos e líderes sociais, muita vergonha na hora de falar de Deus. Não são precisamente mudos, embora se façam de surdos.
Porém, não basta atribuir as culpas aos políticos. Quando falamos de fé, cada um deve pôr primeiro o dedo no seu próprio coração e perguntar-se: estou a fazer-me de surdo? Hoje Deus continua a falar e a mendigar ouvidos que O escutem.

Alfonso Crespo, Diocese de Malaga

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