Porém, quantas vezes não O vemos, não O reconhecemos nas nossas vidas? Será que temos a certeza de que Ele ressuscitou verdadeiramente? Nunca poderemos dizer que o Senhor ressuscitou, se nós, nos nossos corações, ainda o mantemos morto e enterrado como no sepulcro.
Era assim que pensavam os apóstolos, acreditavam ou não na ressurreição do Senhor? Como era difícil para aqueles homens, rudes pescadores, acreditar no poder de Deus nas suas vidas por meio de Jesus, o Cristo.
Jesus, que fora apresentado a cada um deles como o Messias, o Salvador de Israel, agora estava morto. “Fomos ludibriados, enganados...?” – deviam perguntar-se. Os Seus corações ainda estavam endurecidos pela razão humana, pelo desespero, acima de tudo, pela falta de fé.
Ora, eu estou a falar dos apóstolos ou de nós mesmos? Parece-me estar a falar com um espelho, pois quantas vezes nos vemos nessa situação? Quantas vezes o “será”? Toma conta de nossa vida, enchendo-nos de dúvidas e interrogações interiores?
Durante toda a nossa vida traçamos e percorremos caminhos, metas e sonhos. Esses caminhos, metas e sonhos são a nossa viagem de Jerusalém a Emaús (Lc. 24, 13-33). Viagem percorrida muitas vezes no meio de murmúrios, fraquezas, desânimos e falta de perspectiva, mas percorrida, pois a vida deve continuar!
Somos formados pela cruz? Somos formados no molde de Jesus?..
Mesmo que conheçamos o caminho como a palma de nossa mão, ainda somos capazes de não acreditar que Ele está connosco?
Persistimos em caminhar sozinhos, os caminhos apresentados, tão voltados para dentro de nós mesmos que não vemos a presença do Senhor ao nosso lado.
Tantas vezes Ele vai connosco, impulsionando-nos, questionando-nos, estimulando-nos, tentando abrir os nossos olhos, por meio dos outros irmãos, mas a nossa cegueira espiritual é tanta que não nos apercebemos da sua presença ao nosso lado. O pior é que, durante nossa caminhada/viagem, questionamos esse mesmo Senhor, achando que Ele não foi, é ou será o que esperávamos d’Ele!
Achamos no meio dos nossos “achismos” humanos que Ele não fez o que pensávamos que Ele faria ou que deveria fazer, por isso, seguimos de cabeça baixa, olhando para o chão e não para o céu. Murmuramos (olhamos para o chão e para nós mesmos), ao invés de rezarmos (olharmos para o céu ou para os olhos de Jesus). Se procedermos olhando para o chão, com a cabeça baixa, sem estima, nunca poderemos reconhecer o Senhor. Ao contrário, se olharmos para o céu, por meio de nossas orações, sim, o Senhor se revelará a cada um de nós!
É triste ver, quantas e quantas vezes deixamos a graça e o próprio Senhor passar pelas nossas vidas… Devemos ter a coragem de dizer, quando desanimados e cansados da nossa viagem, quando o dia já declina em nossa vida e a escuridão se aproxima: “Fica connosco”( Lc. 24,29). Deixemos Jesus entrar em nossa vida (coração), e ali fazer o milagre da Eucaristia acontecer!
Sim, que a Eucaristia seja o alimento que nos faça abrir os nossos olhos e nos faça reconhecer que o Senhor ressuscitou, que Ele está connosco durante a jornada da nossa vida e connosco faz morada em nosso coração. Que a Eucaristia faça o nosso coração se abrasar e compreender a vontade do Senhor para cada um de nós (Lc. 24, 32).
Que essa mesma Eucaristia nos faça levantar das nossas quedas, para podermos com alegria continuar a percorrer os caminhos da nossa jornada, proclamando a Boa Nova, proclamando a glória do Senhor:
"O Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!” (Lc. 24,
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Estamos em festa!!! Cristo Ressuscitou!
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