«Ser cristão não é uma 'moral', mas relação com o
Ressuscitado»
Na manhã deste terceiro domingo da Páscoa o Papa Francisco
convidou os crentes a refletir sobre os verbos «OLHAR, TOCAR E COMER»,
presentes na narração do encontro do Ressuscitado com os discípulos de Emaús, e
desafiou-os a "olhar, tocar e comer" de Jesus para o levar aos outros
como irmãos e irmãs.
Esta passagem do Evangelho é caracterizada por três verbos
muito específicos, que em certo sentido refletem a nossa vida pessoal e
comunitária: olhar, tocar e comer. Três ações que podem dar a alegria de um
verdadeiro encontro com Jesus vivo.
Olhar. "Olhai as minhas mãos e meus pés", disse
Jesus. Olhar não é apenas ver, é mais, implica também intenção, vontade. Por
isso é que é um dos verbos do amor. A mãe e o pai olham para o filho, os
apaixonados olham um para o outro; o bom médico olha o paciente com atenção
.... Olhar é um primeiro passo contra a indiferença, contra a tentação de virar
o rosto para o outro lado diante das dificuldades e sofrimentos dos outros.
Olhar. E eu, eu vejo ou olho para Jesus?
O segundo verbo é tocar. Ao convidar os discípulos a
tocá-lo, para que vejam que ele não é um espírito - tocai-me! - Jesus
indica-lhes, a eles e a nós, que a relação com ele e com os nossos irmãos não
pode ser “à distância”, não há cristianismo à distância, não há cristianismo apenas
ao nível do olhar. O amor pede para olhar e também pede proximidade, pede
contacto, para partilhar a vida. O Bom Samaritano não olhou apenas para o homem
que encontrou meio morto no caminho: parou, curvou-se, sarou-lhe as feridas,
tocou-o, colocou-o na sua montada e levou-o para a hospedaria. E o mesmo
acontece com Jesus: amá-lo significa entrar em comunhão de vida, comunhão com
ele.
E passamos ao terceiro verbo, comer, que expressa bem a
nossa humanidade na sua condição mais natural, ou seja, a necessidade de nos
alimentarmos para viver. Mas comer, quando o fazemos juntos, em família ou com
os amigos, torna-se também expressão de amor, expressão de comunhão, festa ...
Quantas vezes os Evangelhos nos mostram Jesus a viver esta dimensão de
convívio! Mesmo como ressuscitado, com os seus discípulos. Até ao ponto do
banquete eucarístico se tornar o sinal emblemático da comunidade cristã. Comer
juntos o corpo de Cristo: este é o centro da vida cristã.
Irmãos e irmãs, esta passagem do Evangelho diz-nos que Jesus
não é um "espírito", mas uma Pessoa viva; que Jesus quando se
aproxima de nós nos enche de alegria, a ponto de não crermos, e deixa-nos
maravilhados, com aquele espanto que só a presença de Deus dá, porque Jesus é
uma Pessoa viva. Ser cristão não é, antes de mais, uma doutrina ou um ideal
moral, é uma relação viva com ele, com o Ressuscitado: olhamo-lo, tocamos-lhe,
alimentamo-nos d’Ele e, transformados pelo seu amor, olhamos, tocamos e
nutrimos os outros como irmãos e irmãs. Que a Virgem Maria nos ajude a viver
esta experiência de graça.
Tradução Educris a partir do original em italiano