segunda-feira, 19 de abril de 2021

 





«Ser cristão não é uma 'moral', mas relação com o Ressuscitado»

 

Na manhã deste terceiro domingo da Páscoa o Papa Francisco convidou os crentes a refletir sobre os verbos «OLHAR, TOCAR E COMER», presentes na narração do encontro do Ressuscitado com os discípulos de Emaús, e desafiou-os a "olhar, tocar e comer" de Jesus para o levar aos outros como irmãos e irmãs.


Esta passagem do Evangelho é caracterizada por três verbos muito específicos, que em certo sentido refletem a nossa vida pessoal e comunitária: olhar, tocar e comer. Três ações que podem dar a alegria de um verdadeiro encontro com Jesus vivo.


Olhar. "Olhai as minhas mãos e meus pés", disse Jesus. Olhar não é apenas ver, é mais, implica também intenção, vontade. Por isso é que é um dos verbos do amor. A mãe e o pai olham para o filho, os apaixonados olham um para o outro; o bom médico olha o paciente com atenção .... Olhar é um primeiro passo contra a indiferença, contra a tentação de virar o rosto para o outro lado diante das dificuldades e sofrimentos dos outros. Olhar. E eu, eu vejo ou olho para Jesus?


O segundo verbo é tocar. Ao convidar os discípulos a tocá-lo, para que vejam que ele não é um espírito - tocai-me! - Jesus indica-lhes, a eles e a nós, que a relação com ele e com os nossos irmãos não pode ser “à distância”, não há cristianismo à distância, não há cristianismo apenas ao nível do olhar. O amor pede para olhar e também pede proximidade, pede contacto, para partilhar a vida. O Bom Samaritano não olhou apenas para o homem que encontrou meio morto no caminho: parou, curvou-se, sarou-lhe as feridas, tocou-o, colocou-o na sua montada e levou-o para a hospedaria. E o mesmo acontece com Jesus: amá-lo significa entrar em comunhão de vida, comunhão com ele.


E passamos ao terceiro verbo, comer, que expressa bem a nossa humanidade na sua condição mais natural, ou seja, a necessidade de nos alimentarmos para viver. Mas comer, quando o fazemos juntos, em família ou com os amigos, torna-se também expressão de amor, expressão de comunhão, festa ... Quantas vezes os Evangelhos nos mostram Jesus a viver esta dimensão de convívio! Mesmo como ressuscitado, com os seus discípulos. Até ao ponto do banquete eucarístico se tornar o sinal emblemático da comunidade cristã. Comer juntos o corpo de Cristo: este é o centro da vida cristã.


Irmãos e irmãs, esta passagem do Evangelho diz-nos que Jesus não é um "espírito", mas uma Pessoa viva; que Jesus quando se aproxima de nós nos enche de alegria, a ponto de não crermos, e deixa-nos maravilhados, com aquele espanto que só a presença de Deus dá, porque Jesus é uma Pessoa viva. Ser cristão não é, antes de mais, uma doutrina ou um ideal moral, é uma relação viva com ele, com o Ressuscitado: olhamo-lo, tocamos-lhe, alimentamo-nos d’Ele e, transformados pelo seu amor, olhamos, tocamos e nutrimos os outros como irmãos e irmãs. Que a Virgem Maria nos ajude a viver esta experiência de graça.


Tradução Educris a partir do original em italiano



 


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