sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Aos MIUDOS e aos graúdos...

Era uma vez…

Lá longe, para lá da linha que separa o céu do mar, havia uma terra onde os homens não tinham chegado. Os animais viviam em paz, comendo o que a natureza dava. Viviam todos em harmonia até ao dia em que os ursos decidiram que não precisavam dos outros animais, excepto das abelhas que faziam o mel que comiam. Eles é que mandavam. Os outros animais não concordaram, mas tinham medo dos ursos, muito maiores e com mais força. Os veados ainda refilaram, mas na hora de ficar frente a frente com os ursos, todos os outros animais fugiram e os veados, sozinhos, tiveram de obedecer.
Os ursos mandavam e não ligavam ao que os pássaros, esquilos, borboletas, gafanhotos e zebras diziam. Eles, que até ali tinham sido bons companheiros, ficaram maus.
As abelhas andavam aflitas. Juntaram-se e decidiram que o enxame todo atacasse os ursos. Não resultou. Os ursos aguentaram as picadas e as abelhas voltaram, tristes, para os favos.
Ao pássaros foram cantar para outro lado, para ver se a tristeza de um sítio sem música fazia os ursos pensar que o melhor era estarem todos alegres. Mas nem assim.
Os ursos mandavam e um dia decidiram acabar com as minhocas, as centopeias e outros insectos que andavam no meio da terra. Diziam que não faziam falta.
As árvores não gostaram e tentaram dizer aos ursos que não era justo. Sem resultado.
O tempo foi passando, chegou o Outono e as árvores foram perdendo as folhas. O chão foi ficando amarelo, mas lá por baixo, onde antes habitavam as minhocas e as centopeias, não havia vida, não havia animais que ajudassem as folhas a misturar-se com o solo, para o enriquecer, para que as árvores e todas as plantas pudessem crescer. E as árvores e os arbustos não cresceram nem ficaram verdes nessa Primavera. E os ursos viram como toda a vida estava a desaparecer e arrependeram-se muito. Afinal, as minhocas, as centopeias e os outro insectos faziam falta à vida de todos.
A partir daí, os animais continuaram a viver em harmonia, respeitando todas as vidas. Até que os homens chegaram àquela terra e, como os ursos, um dia compreenderão, eles também, que terão de respeitar as vidas dos
outros homens e todas as outras vidas.

História de Mário de Melo, retirada do livro Vamos Cultivar a Paz.

Sem comentários:

Enviar um comentário