quarta-feira, 6 de maio de 2009

Vida além do nevoeiro


Não ardia o nosso coração enquanto nos explicava as coisas? Recordo muitos momentos em que o coração se me abrasa. É uma experiência muito simples. Ouço, escuto, e dentro de mim se acende uma luz, uma intuição, uma palavra que brota, uma ideia que se clarifica, que se ilumina, que sinto que é possível, apesar das dificuldades… Outras vezes, esta experiência acontece-me quando falo com alguém que, além de me encher de paz e de me livrar de medos, lança luz sobre um problema ou sobre a minha vida…
Nem sempre a vida pessoal, familiar ou comunitária é luminosa. Como o decorrer do ano, a vida tem estações, e também fenómenos meteorológicos como os nevoeiros.
Nem sempre é fácil atravessar o nevoeiro de quem não sente auto-estima suficiente, de quem perdeu a confiança em alguém, de quem está decepcionado com pessoas ou instituições concretas… Um amigo costuma dizer-me: “Tu dizes-me que o que escrevo é bonito e está bem, mas não penses que é fácil para mim aceitá-lo. Duvido de tudo. Não tenho confiança em mim próprio. Tudo me parece pobre…”.
Um sinal de ressurreição é “abrir os olhos” e descobrir o valor daquilo a que não damos valor ou valorizarmos a nós mesmos e aos outros… E faz falta verdadeira sabedoria para ligar os vários pontos da vida e a façam ser significativa. Assim poderemos acreditar e sentiremos que o coração “arde realmente”.
(in Páscoa, tempo de oração, ed. salesianas
)

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