segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Um rico, sem nome... Um pobre, com nome, chamado Lázaro!




A pobreza e a riqueza, dois quadros de todas as épocas e lugares. Um homem rico. Um homem pobre, com nome, chamado Lázaro. Dois quadros dinâmicos, cheios de contrastes: a vida e a morte, a abundância e a penúria, a satisfação e a miséria... e dentro de ambos os quadros, duas dimensões: a do perto, do aqui e agora; a do longe, além e depois... complementares, mas que transportam o desconcerto do acerto entre a lógica do agir de Deus e do agir humano. O evangelho lucano propõe a questão dos bens do mundo como um desafio-dificuldade à dignidade de cada pessoa como ser chamado à felicidade na liberdade e na verdade do seu agir de todos os dias. E isto, já aqui e agora, mesmo que ainda não seja o definitivo. O relato narra a situação de dois homens, neste mundo, com condições bem distintas e sem possibilidade de superamento devido à indiferença e egoísmo humanos. Um acontecimento, a morte de ambos, passagem que não sendo o fim, altera tudo definitivamente e revela o quadro original. Restaura-se o equilíbrio, o projecto original de Deus, respeitando as opções da pessoa. Verifica-se uma inversão de lugares que pode induzir a conclusões redutoras, pois nem a riqueza é mal em si mesma, há ricos neste mundo que são solidários e partilham e pobres apegados ao nada; nem a pobreza e o pobre significam, automaticamente, um bem e pobre ser uma pessoa boa. Há, com certeza, ricos e pobres íntegros e bons. E tudo porque a relação da pessoa com os bens do mundo não é mero conceito quantitativo, mas fala da relação de prisão ou de liberdade com as riquezas/bens do mundo, fala do humano desencarnado, fechado e indiferente ou do humano divinizado e aberto, que usa os bens do aqui para construir bens da eternidade. Aqui o significado do 'bom combate da fé' (1Tim 6, 12ª) na busca do sentido último da pessoa e de todas as coisas, pois sei que, onde estiver o meu coração, aí esta também o meu tesouro! (cf. Mt 6,21).

P. Francisco José
in DIÁLOGO 1259 - Meditando para o 26º Domingo do Tempo Comum (ano C)

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