Adora e
Confia
Esta oração
de Teilhard de Chardin diz-nos num certo momento: “E no fundo
da tua alma coloca, primeiro que tudo, como fonte de energia e critério de
verdade, tudo aquilo que te encha da paz de Deus.”
Foi esta experiência que fizemos
com os pais ou demais familiares dos meninos do nosso 3º ano. Num ano em que a
Eucaristia é meta e ponto de partida mostrou-se importante viver um momento de
oração com os familiares que, assim o desejamos, são a Igreja doméstica e
primeiro catequista dos nossos meninos. Mais sabor e valor adquire quando temos
a hipótese de o fazer perante Jesus Sacramentado.
A nossa Adoração começou
ainda com a presença dos nossos meninos que, assim, puderam ver sobre o altar o
mesmo Senhor que se preparam para receber.
O de partida: um desafio à
oração, a um momento em que pudéssemos afinar a bússola da caminhada com o
próprio Senhor. O tema, “gasto como as pedras da calçada” foi o amor, partindo
do Livro de Oseias (Os 11, 1-4.9). “E não há dúvida: fui Eu que ensinei Efraim
a andar, segurando-o pela mão. (…) Eu atraí-os com laços de bondade, com laços
de amor. Fazia com eles como quem levanta até ao rosto uma criança; para lhes
dar de comer, baixava-Me até eles.” Um amor misericordioso, paternal de um Deus
tão ao jeito de mãe, um amor visceral. “Pode a mãe esquecer-se do seu filhinho,
pode ela deixar de ter amor pelo filho das suas entranhas? Ainda que ela se
esqueça, Eu não Me esquecerei de ti. Eis que Eu te gravei nas palmas das minhas
mãos.” (Is 49, 15-16a).
Belíssimas, estas imagens de
Deus. Um Deus que se desvela no amor enternecido de uma mãe. Um amor que supera
o próprio amor de mãe. Ajudaram-nos a pensar e repensar a nossa filiação. Ver o
estado em que está a nossa relação de filhos muito amados. Filhos muito amados
que, às vezes, caem naquilo que Oseias retratava: “quanto mais Eu os chamava,
mais eles se afastavam de Mim. (…) Mas eles não perceberam que era Eu quem
cuidava deles.”
Como qualquer oração,
agradecemos. Agradecemos os laços de família humana que criamos. Agradecer a
vida de cada um daqueles meninos, o que cada um trouxe de novo à sua família,
agradecer a hipótese de, de uma forma tão bela, nos deixarem ser rosto e mão de
Deus Pai nas suas vidas. Agradecer o convite sempre gritante de um Deus que nos
abraça tão maternalmente. Agradecer porque, “o Senhor me amou mais do que aos
lírios do campo”.
Terminamos como começamos:
novamente com a presença dos meninos que, com a família e na família que somos
rezaram a oração dos Filhos de Deus: Pai-Nosso…
Certamente houve lágrimas de
filhos agradecidos, outras de filhos arrependidos. Poderão ter havido corações
que escutaram aquela voz que repete um “Quanto esperei este momento, quanto
esperei que viesses a Mim!”. Houve joelhos que, como reconhecia S. Pedro Julião
Eymard, disseram um “Tu és tudo!” e vozes de crianças a cantar a um Mistério
que nunca abarcaremos na totalidade. Houve, acima de tudo, a certeza de todos
(meninos, famílias e os próprios catequistas) terem estado na presença do maior
catequista: o próprio Jesus.
Fica o desafio: “Faz com que brote, e
conserva sempre no teu rosto, um sorriso doce, reflexo daquele que o Senhor
continuamente te dirige. (…) Por isso, quando te sentires abatido e triste,
Adora e Confia!” (Teilhard de Chardin)
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