segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Gosto de ti como tu és









“Fui neurótico durante alguns anos. Era um ser oprimido e egoísta. Toda a gente insistia em dizer-me que devia mudar. E não se cansava de me recordar como eu era neurótico. Eu ofendia-me, embora concordasse com eles, e desejava mudar. Mas não me convencia da necessidade de o fazer, por mais que procurasse. O meu melhor amigo também insistia na necessidade de mudar. Eu concordava com ele, e não me podia sentir ofendido. Sentia-me por isso impotente e frustrado.
Um dia, porém, disse-me o meu amigo:

- Não mudes. Continua a ser como és. Na verdade, não importa que mudes ou deixes de mudar. Eu gosto de ti como tu és, e não posso deixar de gostar de ti.

Aquelas palavras ressoaram nos meus ouvidos como música: “Não mudes, não mudes, eu gosto de ti”. Foi então que me acalmei. E senti-me vivo. E – que maravilha – mudei”.

Ninguém é capaz de mudar, se não se sente amado, se não experimenta uma razão positiva para mudar, se não tem uma força interior suficiente para superar as suas falhas. É esta força que nos transmite Jesus ao revelar-nos o amor de Deus. Deus que é bom, compassivo, que ama, perdoa e liberta.




Anthony de Mello (Fábula)
Meditando para o 31º Domingo do tempo comum, ano c.

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