Durante a semana, o neto acompanha a avó à missa. A homilia prolonga-se. A avó sente a inquietação do neto e pergunta-lhe.
- Está muito chateado?
- hmm, mais ou menos!
- Ofereçe essa chatice a Nosso Senhor!
O neto atira, um pouco admirado:
- Porquê, ele gosta?
A quaresma é dada a um sem número de sacrifícios, que às vezes esquecem o verdadeiro sentido da palavra: tornar sagrado. O desafio, mais do que fazer inúmeras listas de propósitos, é entregar a vida, sem reservas. Abrir o que somos, abrir o mundo a Deus. Deus comunica-se, nós estamos chamados a acolher essa entrega. Estamos convidados a seguir Jesus que ama até ao fim, aprendendo que na cruz o mais importante não é o sofrimento, o mais importante é a fidelidade, o amor entregado.
Neste caminho importa recordar que, na nossa relação com Deus, a primeira iniciativa é Dele. Não precisamos de comprar a atenção de Deus. Deus dá-se, é Graça.
Temos que purificar a nossa ideia de quaresma: não estamos chamados a fazer coisas de que não gostamos, coisas difíceis ou dolorosas e muito menos a fazer disso um presente a Deus. Estamos convidados a "desistir" um pouco mais de nós, para acolher a entrega daquele que morreu por amar a todos, aquele que morreu por comer com os pecadores.
Talvez o primeiro passo seja ver quem tem lugar à mesa da nossa vida.
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