sábado, 14 de maio de 2011




Estas sandálias, Mãe,

eu mesmo as teci de pétalas de flores

para os teus pés cansados

de buscar os pecadores...



O manto novo eu o pedi à aurora

- guarda reflexos dos primeiros raios do sol

que os teus olhos puríssimos

não se cansavam de contemplar...

(Com ele poderás envolver

os filhos que voltando chegarem,

como sempre chegam, mortos de cansaço,

de abandono e de frio).



O mais, Senhora,

são lembranças singelas, singelíssimas:

um pouco de perfume das rosas da terra,

um pouco do gorjeio (quando passares)

das aves do exílio e na concha das mãos

um pouco de água da fonte para os teus lábios

que eu sei,

Mãe Santíssima,

continuam a ter sede...



(in “Nossa Senhora no Meu Caminho”, D. Helder Câmara, Ed. Paulus, 2005)








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