Manifestado, pelos pais, o desejo de reunirem em grupo para reflectir temas diversos, eis que o primeiro desses encontros acontece.
Desta vez o nosso amigo Noé, missionário da Verbum Dei, abordou o tema: "Eucaristia, escola de amor".
E porque o "Amor não é o que a mente pensa, é o que o coração sente", sintamos esta reflexão:
Eucaristia: escola de amor
Quando ouvimos falar sobre a Eucaristia, muitas vezes, pensamos na missa ou nas adorações eucarísticas, em atos litúrgicos, em espaços sagrados, etc. Desta maneira, a Eucaristia tem pouco a dizer à nossa vida quotidiana que se desenvolve noutros tempos e espaços. Não há nada mais afastado da realidade.
A Eucaristia é mais que uma celebração cultual, mais que um momento de adoração. É o Amor que ama, doando- se e entregando-se. É o amor que envolve todos os espaços, que preenche todo o nosso tempo por isso, a Eucaristia, é uma escola de amor.
Quando lemos os textos da instituição da Eucaristia percebemos rapidamente a intimidade desse momento. Jesus está com os seus discípulos, com seus amigos, numa refeição. Contudo, este jantar tem pouco de romântico, do estar à luz das velas. O seu contexto está envolvido pela traição de Judas, pelas futuras negações de Pedro e o abandono do resto dos discípulos. É difícil imaginar uma celebração do amor mais realista que a da Ultima Ceia.
Aqui é onde começa a escola do amor. Todos, uns mais e outros menos, temos experimentado a traição, o abandono das pessoas em quem confiávamos, os projetos que se vão água abaixo, etc. E, que fazemos nós nesses momentos? Muitas vezes fugimos, outras pagamos com a mesma moeda, outras envolvemo-nos em nós próprios. E Jesus, que fazia Ele nestes momentos?
Jesus tomou o pão e disse: "isto é o Meu corpo que é dado por vós" (Lc22, 19). Jesus recebe a traição, transforma o fracasso em amor, em momento de doação. O amor não procura culpados mas sim, procura soluções; não arranja pretextos e desculpas, oferece-se. Jesus é capaz de dizer: "ninguém me tira a vida, sou Eu que a dou livremente" (Jo10, 18). João da Cruz costumava dizer "onde não há amor põe amor e tirarás amor".
Depois disse Jesus: "este é o meu sangue que será derramado por vós e por todos" (Lc22, 20). Jesus ensina-nos como o amor é ao mesmo tempo particular e universal: meu sangue derramado "por ti", um amor realista, encarnado. Mas também, ensina-nos que o amor não é fechado, é também "por todos". O nosso amor, muitas vezes, é egoísta, ciumento, possessivo. Um amor eucarístico é aquele que se abre aos demais, que liberta e não escraviza.
Finalmente, Jesus na Última Ceia ensina-nos a amar no momento presente, a aproveitar todos os instantes. Jesus não vive no passado da traição de Judas, nem no futuro a pensar no que os soldados podem fazer-lhe. Ele sabe que tem este momento para amar aos Seus e ama-os "até ao extremo" (Jo13, 1).
É deste momento, a Ultima Ceia, e não de outro, embora esplêndido e estelar, como a transfiguração ou um dos seus milagres que Jesus nos pede; "fazei isto em memória de mim" (1 Cor11, 24); pede-nos que entremos num dinamismo de amor como o Seu, um amor eucarístico.
Noé
22 de Março de 2014
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