terça-feira, 16 de outubro de 2012








“A Fé sem obras é morta” (Tg 2,17)

Por proposta do Papa Bento XVI, começámos no passado dia 11 de Outubro de 2012 a celebrar o Ano da Fé. Para que é que ele serve? Neste contexto de crise que nos afoga e paralisa, não devíamos, antes, pensar em questões mais concretas, em formas práticas de sairmos deste ciclo de estagnação e de sofrimento?
Muitos dos nossos contemporâneos vêem na Fé algo de abstracto, frequentemente desligado das questões mais fundamentais do nosso dia-a-dia… A Fé é entendida, muitas vezes, como a simples crença na existência ou na veracidade de certo facto, ou a adesão aos dogmas de uma doutrina religiosa. A Fé será isso?
Não, a Fé não é a pura adesão a ideias abstractas, ou a simples aceitação de um conjunto de fórmulas que a catequese nos transmite… A Fé é aderirmos a alguém… A alguém que é maior do que nós e em quem nós pomos a nossa confiança e esperança… É nós sentirmos e dizermos: “eu sou frágil e pequeno, muitas vezes, diante de coisas que me ultrapassam, não sei que fazer. Então, confio em alguém maior do que eu, que me mostra os caminhos certos, que me ensina a ser feliz, que me salva quando eu estou num beco sem saída”. A esse alguém, chamamos “Deus”. Temos Fé quando confiamos a Deus a nossa vida, quando decidimos ouvir o que Deus nos diz, quando aceitamos as escolhas que Ele nos sugere, quando decidimos viver como Ele nos propõe.
É verdade que Deus se preocupa em indicar-nos caminhos de vida e de felicidade? Sim, é verdade. Aliás, essa preocupação de Deus tornou-se bem evidente quando Ele enviou ao nosso encontro o seu Filho. Foi há mais ou menos dois mil anos que o Filho de Deus – a quem os homens chamaram Jesus de Nazaré – apareceu no meio de nós. Ele caminhou no meio dos homens, fez amigos, inquietou-se com a sorte dos pequenos e dos pobres, ensinou-nos a construir um mundo novo (a que Ele chamava “o Reino de Deus”). E aqueles que o acompanharam pelos caminhos da Palestina, depois de o terem escutado e de terem visto o que Ele fazia, concluíram: “Tu és o Deus que veio ao nosso encontro para nos mostrar, cara a cara, como é que nós devemos viver”.



(continua)





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